Ronald de Carvalho nasce no Rio de Janeiro em 16 de maio de 1893, filho de Artur Augusto de Carvalho e de Alice de Paula e Silva Figueiredo de Carvalho. Seu pai, capitão-tenente e engenheiro naval, e seu tio, Álvaro Trajano de Carvalho, ocuparam parte destacada na Revolta da Armada, levante de oposição ao presidente Floriano Peixoto que se estendeu de setembro de 1893 a março de 1894. Presos em Santa Catarina, foram fuzilados em 1894.
Ronald é abrigado na casa do avô materno, João Francisco de Paula e Silva, então inspetor da Alfândega do Rio de Janeiro. Sua mãe casa-se em segundas núpcias com o almirante Raul Travassos.
Ronald realiza os estudos secundários no Colégio Abílio, ingressando em seguida na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, onde se forma em 1912. Dois anos antes, iniciou suas atividades jornalísticas no “Diário de Notícias”, dirigido na época por Rui Barbosa.
Viaja em 1913 para a França, onde cursa filosofia e sociologia no Colégio de França da Sorbonne, onde foi aluno do filósofo Émile Boutroux. Nesse mesmo ano, edita seu primeiro livro de poemas, “Luz gloriosa”.
Retornando ao Brasil em 1914, ingressa em julho na carreira diplomática, sendo nomeado praticante da Secretaria de Estado das Relações Exteriores, e em outubro se casa com Leilah Accioly.
No ano seguinte, foi um dos fundadores e dirige ao lado de Luís de Montalvor a revista portuguesa “Orfeu”, onde publica – no primeiro número – poemas de sua autoria, ao lado de trabalhos de Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, José de Almada-Negreiros.
Em fevereiro de 1916 é promovido a terceiro-oficial e em abril de 1918 a segundo-oficial.
Em 1919, publica “Poemas e sonetos”e “Pequena história da literatura brasileira”. Assume, em 1920, as funções de auxiliar-de-gabinete do então subsecretário das Relações Exteriores, Rodrigo Otávio Landgaard Meneses.
Em 1922, participa em São Paulo da Semana de Arte Moderna e lança dois livros: “Epigramas irônicos e sentimentais”e “Espelho de Ariel”.
Em 1924, dirige no Itamarati a Seção de Negócios Políticos e Diplomáticos da Europa e, em seguida, é nomeado primeiro-secretário da embaixada especial enviada ao Peru. Publica “Estudos brasileiros – 1ª série” e, em novembro desse ano, é promovido a primeiro-oficial.
Viaja ao México em 1925 a convite do governo daquele país, proferindo na ocasião algumas conferências sobre o Brasil nas universidades mexicanas. Em 1926 lança outros dois livros: “Toda a América”e “Jogos pueris”.
Em 1928, no Rio de Janeiro, desempenha as funções de assessor técnico e de encarregado de serviços da delegação brasileira à Conferência Pan-Americana de Havana e se torna auxiliar-de-gabinete do ministro das Relações Exteriores Otávio Mangabeira (1926-1930), deposto juntamente com Washington Luís pela Revolução de 1930.
Em 1931, publica “Estudos brasileiros – 2ª série”; “Estudos brasileiros – 3ª série” e “Rabelais e o riso do Renascimento”, esse último, ele mesmo traduz para o francês e o publica neste idioma no ano seguinte.
Logo após a instauração do governo provisório de Getúlio Vargas, passa a responder interinamente pelo expediente do Ministério das Relações Exteriores. Em seguida, é enviado a Paris, onde servirá como primeiro-secretário até 1933, momento em que é designado encarregado de negócios em Haia. Ainda em 1933, retorna ao Brasil e publica “Imagens do Brasil e do pampa”e “Le Brésil et le génie français”.
Em 1934, é promovido a ministro plenipotenciário de segunda classe. Ainda em 34, articulou sem êxito, juntamente com Juarez Távora e Mário Câmara, a criação de um partido político nacional, e no mês de abril substitui Gregório da Fonseca no cargo de secretário da Presidência da República, equivalente ao atual Chefe do Gabinete Civil. Permanece no exercício de suas funções após a eleição presidencial de julho de 1934, que manteve Vargas no poder, tornando-se o redator dos discursos presidenciais.
Poeta, historiador, tradutor, crítico e ensaísta, Ronald escreveu durante muitos anos uma coluna diária no “Jornal do Brasil” sobre política internacional, assinando como “Um observador diplomático”. Colaborou também em diversos jornais da Argentina, México, Peru, Estados Unidos, França e Suíça.
Foi membro do Poets Guild of América, em Washington; do Instituto de Coimbra, em Portugal, e da Academia Carioca de Letras; foi sócio correspondente da Real Academia Hispano-Americana e sócio efetivo da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Participou também da Junta de História Nacional do Uruguai, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Latina de Paris.
Faleceu no Rio de Janeiro em 15 de fevereiro de 1935, vítima de acidente automobilístico.
Logo após sua morte foram publicados “Cadernos de imagens” e “Itinerário - Antilhas. Estados Unidos. México”.
Fontes: (i) BOTELHO, André. Circulação de ideias e construção nacional: Ronald de Carvalho no Itamaraty. “Estudos Históricos”, Rio de Janeiro, n. 35, jan./jun. 2005, pp. 69-97; (ii) BOTELHO, André. “Um ceticismo interessado: Ronald de Carvalho e sua obra dos anos 20”. 2002. 349 p. Tese (Doutorado em Sociologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2002; (iii) “CARVALHO, Ronald de”. In: “Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro”. 2ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Editora FGV: CPDOC, 2001. v. 1, pp.1184-5.