Alfredo Augusto Margarido nasceu em 5 de fevereiro de 1928, na freguesia de Moimenta, região de Vinhais em Portugal. Ficcionista, ensaísta, poeta, crítico literário, jornalista, tradutor, artista plástico e estudioso de problemáticas africanas.
Iniciou sua formação acadêmica na Escola de Belas Artes do Porto, onde realizou algumas exposições, ao lado das que fez em Lisboa, antes de seguir, a serviço do governo português, para o continente africano no início dos anos 50. Primeiro foi para São Tomé e Príncipe e, em seguida, para Angola, onde foi responsável pelo Fundo das Casas Econômicas.
Em 1953, inicia a sua obra literária com a publicação de "Poemas com Rosas". Em 1957 é expulso do território angolano devido a denúncias que fez - publicadas no "Diário Popular" de Lisboa - sobre as situações de descriminação racial que ocorriam no país. No período que ficou na África colaborou com várias publicações; entre elas, o "Boletim de Cabo Verde" e o "Boletim da Guiné".
Regressa para Portugal e se dedica ao jornalismo, dirigindo o suplemento literário do "Diário Ilustrado", fazendo crítica literária e críticas sobre artes plásticas. Em 1958, publica "Poema Para Uma Bailarina Negra", de inspiração surrealista. Na ficção, integra-se na tendência do noveau roman com "No Fundo Deste Canal" (1960) e "A Centopeia" (1961). Em 1961 publica o ensaio "Teixeira de Pascoais" e, no ano seguinte, lança – em parceria com Artur Portela Filho – "O Novo Romance", livro que divulga o noveau roman em Portugal. Em 1963 edita, nessa mesma linha literária, o romance "As Portas Ausentes". Em 1964 publica em Lisboa o ensaio "Negritude e humanismo" e se instala em Paris, onde se formaria em Ciências Socias na École des Haute Études en Sciences Sociales.
Por combater ativamente o colonialismo durante o período da ditadura, seu regresso a Portugal lhe era vetado. Nesse período, criou e co-dirigiu a revista "Cadernos de Circunstância" ao lado de um grupo de exilados portugueses: Manuel Villaverde Cabral, Jorge Valadas (conhecido também pelo pseudônimo de Charles Reeve), Fernando Medeiros, Alberto Melo, João Freire e José Maria Carvalho Ferreira.
Enquanto professor lecionou em várias universidades francesas (Paris, Vincennes e Amiens) e, após o 25 de Abril de 1974, retorna para Portugal e leciona em Lisboa. No Brasil, passará pela USP, Unicamp, UFRJ e UFPB.
Da vasta obra de Alfredo Margarido, muita da qual dispersa por jornais e revistas, destaque-se, além das citadas, os ensaios "Jean Paul Sartre" (1965), "A Introdução ao Marxismo em Portugal" (1975), "Ensaio Sobre a Literatura das Nações Africanas" (1980), "Fernando Pessoa/Santo Antônio, São João, São Pedro - introdução crítica e notas" (1986), "Plantas e Conhecimento do Mundo nos Séculos XV e XVI" (1989) em colaboração com Isabel Castro Henriques, "As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos" (1994) e "A Lusofonia e os Lusófonos: novos mitos portugueses" (2000).
Também se notabilizou na tradução: Anouilh, Faulkner, James Joyce, Steinbeck, Dylan Thomas, Nietzsche, Saint-John Perse, Kafka, entre outros, fizeram parte de seu trabalho nesse campo.
Deixou uma vasta obra, muita da qual dispersa por obras coletivas – capítulos, introduções, prefácios, posfácios –, e por estudos espalhados em jornais e revistas culturais e científicas, nacionais e estrangeiras.
Uma parte da sua obra plástica foi reunida em "33+9 Leituras Plásticas de Fernando Pessoa" (1988) e em "Obra Plástica de Alfredo Margarido" (2007).
O espólio de Alfredo Margarido passou a integrar o acervo da Biblioteca Nacional de Portugal por doação do próprio em 2009.
Faleceu em Lisboa no dia 12 de outubro de 2010.