Ernesto Manuel de Melo e Castro
1932

TÁBUA BIOGRÁFICA

1932 - Nasce na Covilhã, a 19 de abril.
1956 - Inicia a vida profissional como técnico na Fábrica Campos Melo, e em seguida como professor de Desenho na Escola Técnica Campos Melo, ambas na Covilhã. Organiza, com Maria Alberta Menéres, a Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa, revista e atualizada em 1961, em 1971 e em 1979, quando sai com o título de Antologia da Poesia Portuguesa - 1940-1977.
1961 - Com Ideogramas, introduza a Poesia Concreta em Portugal.
1965 - Fixa-se em Lisboa como Diretor Técnico do Secretariado Internacional da Lã. Trabalha ainda como professor de tecnologias têxteis na Escola António Arroio e, depois de 25 de abril de 1974, exerce funções públicas relacionadas com a indústria têxtil. É professor de Design Têxtil no IADE (Instituto Superior de Arte, Design e Marketing), em Lisboa, onde exerce as funções de Coordenador do Curso de Design de Moda e de Presidente do Conselho Diretivo do Curso Superior de Design, até 1996.
1968 - Roda Lume, livro pioneiro da videopoesia.
1975 - Organiza para a APE (Associação Portuguesa de Escritores), da qual é sócio fundador, o Primeiro Congresso de Escritores.
1985 - Desenvolve, até 1989, na Universidade Aberta de Lisboa, um projeto de criação de videopoesia denominado Signagens.
1989 - Trans(a)parências, livro que reúne mais de 20 obras de poesia publicadas entre 1950 e 1989, e que ganhou o Grande Prêmio de Poesia Inaset - Inapa de 1990.
1993 - O Fim Visual do Século XX, coletânea de ensaios organizada por Nádia Battella Gotlib.
1994 - Visão Visual (poesia visual 1961/1993), editado no Brasil, e Entre o Rigor e o Excesso: um Osso, livro de poesia publicado em Portugal.
1995 - Vôos da Fénix Crítica, livro de ensaios que obtém o Prêmio Jacinto do Prado Coelho, Secção Portuguesa da Associação Internacional dos Críticos Literários.
1996 - Muda-se para o Brasil, onde é professor da Universidade de São Paulo na Área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa.
1998 - Algorritmos (infopoemas).


POESIA VISUAL

todos os poemas são visuais
porque são para ser lidos
com os olhos que veem
por fora as letras e os espaços
mas não há nada de novo
em tudo o que está escrito
é só o alfabeto repetido
por ordens diferentes
letras palavras formas
tão ocas como as nozes
recortadas em curvas e lóbulos
do cérebro vegetal : nozes
os olhos é que veem nas letras
e nas suas combinações
fantásticas referências
vozes sobretudo da ausência
que é a imagem cheia
que a escrita inflama
até ao fogo dos sentidos
e que os escritos reclamam
para se chamarem o que são

ilusões fechadas para
os olhos abertos verem

e.m. de melo e castro


   E.M. de Melo e Castro segundo António Ramos Rosa

   [...]
   "Em ÁLEA E VAZIO E.M. de Melo e Castro escreveu o poema 'A Verdade Prática', uma verdadeira obra-prima da poesia portuguesa. Trata-se de uma investigação epistemológica que põe em causa a identidade das coisas até ao ponto em que a realidade se identifica na própria diferença da identidade (...) podemos dizer que em E.M. de Melo e Castro o movimento da imaginação procura identificar-se com o movimento da vida, nos seus diversos planos, biológico, social, político, linguístico. Como todo o verdadeiro poeta, ele quer trabalhar na vida, com a vida, e por isso aspira a que a poesia seja o próprio trabalho da vida. A leitura da sua obra revela-nos o incansável esforço de autodiferenciação que o conduz, de experiência em experiência, ao limiar de um conhecimento outro, nunca definitivo, que desemboca na outra face do real."

ANTÓNIO RAMOS ROSA



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