Sidónio Muralha
1920-1982
TÁBUA BIOGRÁFICA
1920 - Nasce a 29 de julho, em Lisboa.
1941 - Beco, poemas.
1942 - Passagem de Nível, poemas.
1949 - Reedição conjunta dos dois primeiros livros de poesia.
1950 - Companhia dos Homens, poemas. Bichos, Bichinhos e Bicharocos, livro de poesia para crianças, ilustrado por Júlio Pomar. Parte para o Congo Belga, onde permanece por 12 anos.
1962 - Em abril, transfere-se para o Brasil, residindo inicialmente em São Paulo e depois em Curitiba. Participa do grupo que funda a Editora Giroflé, em São Paulo, organizada com o objetivo de editar livros para crianças. A Televisão da Bicharada, livro de poesia para crianças, ilustrado por Fernando Lemos, recebe o Primeiro Prêmio Internacional da II Bienal do Livro, em São Paulo.
1963 - Os Olhos das Crianças, poemas.
1966 - Esse Congo que Foi Belga, contos.
1972 - O Pássaro Ferido, poemas e micro-contos. O Homem Arrastado, romance.
1976 - Valéria e a Vida, poesia para crianças, recebe o Primeiro Prêmio de "O Meio Ambiente na Literatura Infantil".
1979 - Helena e a Cotovia, livro para crianças que recebe o Prêmio "Portugal/1979".
1980 - Pátria Minha, sonetos.
1982 - Falece a 8 de dezembro, em Curitiba.
OS OLHOS DAS CRIANÇAS
Atrás dos muros altos com garrafas partidas
bem atrás das grades de silêncio imposto
as ciranças de olhos de espanto e de mêdo transidas
as crianças vendidas alugadas perseguidas
olham os poetas com lágrimas no rosto.
Olham os poetas as crianças das vielas
mas não pedem cançonetas mas não pedem baladas
o que elas pedem é que gritemos por elas
as crianças sem livros sem ternura sem janelas
as crianças dos versos que são como pedradas.
ROMANCE
Depois daquela noite os teus seios incharam;
as tuas ancas alargaram-se;
e os teus parentes admiraram-se
e falaram, falaram...
Porque falaram duma coisa tão bela,
tão simples, tão natural?
Tu não parias uma estrela,
nem uma noite de vendaval...
Mas tudo terminou porque falaram.
Tu fraquejaste e tudo terminou.
- Os teus seios desincharam;
só a tristeza ficou.
Ficou a tristeza duma coisa tão bela,
tão simples, tão natural...
- Tu não parias uma estrela,
nem uma noite de vendaval...
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