"Foi por entender que sua literatura é sempre ignorada, e mais que isso, destruída, que Hilda adotou para si a idéia de Potlatch. [...] Os etnólogos identificaram o Potlatch, pela primeira vez, entre os índios da costa noroeste americana. Em um ritual incompreensível para nossa sociedade, os ameríndios tinham o hábito de pegar a parte mais importante de sua riqueza e simplesmente destruí-la. [...] Dissipar riquezas [...] não era só um ato de auto-sabotagem, mas uma maneira de acumular outro tipo de poder, hoje bastante desprezado: a glória. [...] O Potlatch ultrapassa o mundo da matéria: nesse exercício, gratuito e chocante, do poder de perder, o que se perde é o que menos importa. [...] Agindo como uma couraça que a protege dos problemas do êxito, cercando-a do mistério necessário para que não seja esquecida em meio ao rebanho cinzento dos escritores fáceis, a maldição de Potlatch pode funcionar, quem sabe, como uma bendição, pois acaba cercando a obra de Hilda de segredos e promessas." José Castello Inventário das sombras |
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